Coconstrução e avaliação de viabilidade de uma intervenção familiar para prevenção ao abuso de drogas (2019-em andamento)
Resumo
Os adolescentes brasileiros são cotidianamente expostos a fatores de risco à saúde relativos ao ambiente familiar que, em conjunto com outros fatores, aumentam o risco de uso problemático de álcool e outras drogas. Estudos com intervenções preventivas para adolescentes no Brasil são centrados, em sua maioria, no âmbito escolar e menos frequentes são as intervenções preventivas focadas no fortalecimento de fatores protetivos familiares. O presente projeto pretende suprir esta lacuna, ao propor o desenvolvimento sistemático de uma intervenção culturalmente customizada para prevenção ao abuso de drogas em adolescentes e fortalecimento de fatores protetivos familiares, destinada a famílias em situação de vulnerabilidade. Este projeto compreende três estudos e almeja (a) examinar necessidades para subsidiar o desenvolvimento de uma intervenção para prevenção ao abuso de drogas em adolescentes e fortalecimento de fatores protetivos familiares em famílias em desvantagem econômica (Estudo 1), (b) construir a intervenção propriamente dita e descrever sua aceitabilidade, com base no modelo de coconstrução de intervenções (Estudo 2) e (c) investigar a viabilidade da intervenção desenvolvida como parte dos serviços de proteção social básica (Estudo 3). Delineamentos metodológicos qualitativos e participativos são propostos, com uso do modelo de coconstrução de intervenções e estudos de viabilidade. Espera-se que este projeto, além de resultar na criação de uma tecnologia psicossocial inovadora, atenda a metas de formação de recursos humanos, ensino, publicações e internacionalização.
Apoio: CNPq
Equipe: Sheila Giardini Murta, Julia Di Flora, Paula Salvino, Kallyne Gomes (Universidade de Brasília) e David Foxcroft (Oxford Brookes University, Reino Unido)
Avaliação de Necessidades, Usabilidade e Eficácia de uma Intervenção Personalizada Mediada por Internet para Prevenção à Violência no Namoro (2014-em andamento)
Resumo
Namoros violentos são fatores de risco para o estresse pós-traumático, depressão, abuso de substâncias, violência conjugal e transmissão intergeracional da violência. Deste modo, medidas preventivas são necessárias. Este projeto tem por meta principal desenvolver e avaliar uma intervenção personalizada mediada pela internet para a prevenção à vitimização por violência no namoro entre adolescentes. A intervenção adotará o Modelo Integrado de Mudança de De Vries e colaboradores, que preconiza mudanças em conhecimento, atitudes, influência social, autoeficácia, planos de ação e habilidades como meios para se promover comportamentos de saúde. Serão conduzidos dois estudos: no Estudo 1, serão avaliados os determinantes psicossociais da violência no namoro. Este será um estudo de avaliação de necessidades que irá subsidiar o desenvolvimento da intervenção, na etapa posterior. Será transversal e fará uso de grupos focais e entrevistas. Serão conduzidos oito grupos focais com adolescentes e jovens universitários recrutados independente de sua experiência de violência no namoro e, aproximadamente, dez entrevistas com participantes vítimas e perpetradores de violência no namoro. Análises temática dedutiva será usada na análise dos dados. No Estudo 2, serão feitas avaliações de usabilidade e eficácia da intervenção. A intervenção será oferecida a uma amostra de 1800 jovens que estejam namorando e tenham história de exposição a práticas parentais violentas e testemunho à violência interparental. Consistirá em três sessões online, com intervalo de 24 horas entre elas, quando os participantes responderão a questionários e, com base em suas respostas, receberão feedbacks e orientações personalizadas. Será usado o software Tailor Builder para se proceder à randomização dos participantes e customização das orientações para cada um deles. O conteúdo da intervenção será centrado no conhecimento acerca da violência no namoro, atitudes de não aceitação à violência no namoro, percepção de modelos de relação amorosa não violentos, autoeficácia e planos de ação para não submeter-se à violência, não praticá-la e adotar habilidades de resolução de problemas interpessoais em conflitos no namoro. Um delineamento experimental será usado, com grupo intervenção (N = 900) e grupo controle (N= 900), e avaliação de follow-up aos 3, 6 e 12 meses após a intervenção. Nestas ocasiões, serão avaliados efeitos sobre atitudes acerca da violência no namoro, habilidades de manejo de conflitos e vitimização por violência no namoro, em suas manifestações física, sexual e psicológica. Os dados serão analisados por meio de estatística descritiva e análise de variância multivariada (MANOVA).
Apoio: Chamada MCTI/CNPQ/MEC/CAPES Nº 22/2014 – Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas (Processo 471581/2014-3). Bolsa CAPES Pós-Doutorado (processo 3292/13-4). Edital CAPES-Print Edital 41/2017.
Equipe: Sheila Giardini Murta, Thauana Nayara Gomes Tavares, Camila de Sousa Pereira-Guizzo, Priscila de Oliveira Parada, Sara da Silva Meneses, João Victor Venâncio Medeiros, Amanda Balbino, Marina Caricatti Rodrigues, Marko Akira Miura, Thiago André Araújo dos Santos (Universidade de Brasília) e Hein de Vries (Universidade de Maastricht, Holanda).
Avaliação da efetividade, qualidade da implementação e validade social do Programa Famílias Fortes (2015-2020)
Resumo
O Programa Famílias Fortes (PFF) visa à prevenção do abuso de álcool e drogas em crianças e adolescentes. Foi adotado em 2013 pelo Ministério da Saúde (MS) e, nos últimos anos, vem sendo difundido para diversas regiões do Brasil, sob a gestão do MS e da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Este estudo tem por objetivo avaliar a efetividade do PFF, descrever a qualidade de sua implementação e avaliar sua validade social. Terá a duração de 3 anos e contará com um delineamento quase-experimental, com follow-up de seis e 12 meses. Participarão 2.335 crianças/adolescentes, dos quais 1.813 participarão de sete sessões do PFF (Condição Experimental) e 522 não receberão a intervenção (Condição Controle). Pais/ responsáveis, facilitadores, multiplicadores, formadores federais e supervisores serão convidados a participar de estratégias qualitativas de coleta de dados, incluindo entrevistas e grupos focais. O PFF será conduzido de modo intersetorial em equipamentos de proteção social básica, saúde, educação e outros afins, em sete encontros grupais, de duas horas de duração, sendo a primeira hora dedicada a grupos separados de crianças e pais ou responsáveis e a segunda hora, a encontros conjuntos para a família. Escalas aplicadas antes, imediatamente após, aos seis e aos doze meses após, avaliarão o padrão de consumo de drogas, comportamentos antissociais, gravidez precoce, abandono escolar, desempenho escolar (desfechos primários), vínculos familiares, práticas parentais, autoeficácia para aprendizagem, perspectiva de tempo futuro e engajamento escolar (desfechos secundários). Elementos do contexto influentes na implementação e o engajamento dos participantes serão avaliados por observadores externos durante a execução dos encontros. Entrevistas com pais desistentes serão feitas no decorrer do PFF. Após o último encontro, serão aplicadas entrevistas por telefone e uma escala junto aos facilitadores para avaliação da validade social do programa, fidelidade na implementação, bem como adaptações realizadas. Aos três meses pós-intervenção, entrevistas individuais com supervisores e grupos focais com facilitadores, multiplicadores, articuladores, formadores federais, gestores dos serviços locais e pais participantes serão realizados para se avaliar a validade social dos objetivos, atividades e efeitos do PFF. Entrevistas domiciliares com famílias da Condição Experimental e Condição Controle serão feitas antes, aos seis e aos doze meses pós-intervenção para se avaliar efeitos da intervenção sobre o fortalecimento de vínculos familiares. Para testar diferenças nos escores entre pré e pós-teste, serão utilizadas comparações de média, como testes t, ANOVAs e MANOVAs, tanto para medidas independentes quanto repetidas. ANCOVAs e MANCOVAs serão utilizadas sempre que se se mostrar relevante testar o efeito de covariantes. Os dados verbais e observacionais de natureza qualitativa serão analisados por meio de análise de conteúdo.
Apoio: SENAD
Equipe: Sheila Giardini Murta, Larissa de Almeida Nobre-Sandoval, Luís Gustavo do Amaral Vinha, Jordana Calil Lopes de Menezes, Adriano Silva Sampaio, Ingrid Gomes Abdala, Viviane Paula Santos Rocha, Nádia Prazeres Pinheiro-Carozzo, Maria do Socorro Mendes Gomes, Fábio Iglesias, Ana Aparecida Vilela Miranda, Danielle Aranha Farias, Karina Damous Dualibe, Noêmia de Morais Santos, Onofre Rodrigues de Miranda, Balsem Pinelli Júnior, Áderson Luiz Costa Júnior (pesquisadores da UnB), Ana Carla Carmo Ana Carolina S. Cordeiro, Anne Izabelle dos Santos Gomes, Dafni Priscila Alves Silva, Daniel Marcelino G. Marques Silva, Dayse Willyane Santos Silva, Diego Lira da Cunha, Emanuele Cristina Santos Nascimento, Émerson Silva Santos, José Diego Oliveira, Michelly Farias Rocha, Nathielly Darcy Ribeiro de Araújo (pesquisadores de campo de Pernambuco), Carlos André Silva do Vale, Gabriela Pires Amâncio, Luana Marcia Barros Costa, Maria Isabel Rodrigues de Almeida, Nayara Freire Bezerra Maruno, Raíssa de Assis Dantas, Rodrigo Pinto Brasil, Sara Silvestre (pesquisadores de campo do Ceará), Alexandra Cordeiro da Cruz, Anna Karla Rodrigues Santos, Burnier Sales de Sousa, Celansia Gomes B. da Silva, Dayane da Silva Mesquita, Esequiel Pagnussat, Genildson de Oliveira Silva, Jenair Alves da Silva, Larissa Saionara Fernanades Rocha, Rosa Simone da Silva Nogueira (pesquisadores de campo do Rio Grande do Norte), Larissa Leite Batista, Lumara Cristina Martins Santos, Rafaela Rocha da Silva, Tainara Ferreira Inocêncio, Tânia Carolina Viana de Oliveira e Weslla Tamires Andrade (pesquisadores de campo de Sergipe).
Guardiões: construindo um programa de prevenção do suicídio na universidade (2018-em andamento)
Resumo
O suicídio entre jovens é um grave problema de saúde pública, sendo a segunda causa de mortalidade entre jovens de 15 a 29 anos no país. No entanto a pesquisa nesse campo de prevenção é incipiente no Brasil, indicando a necessidade de desenvolvimento de programas de prevenção embasadas em evidências no contexto nacional. Em estudantes universitários, a ideação suicida deve ser compreendida considerando-se o momento de vida destes sujeitos, marcado por questões de desenvolvimento, pedagógicas e sociais. A literatura aponta que os programas de prevenção do suicídio implementados em estabelecimentos de ensino utilizam uma ou mais das seguintes estratégias: psicoeducação, gatekeepers e triagem. Estudos não encontraram experiências consistentes de prevenção ao suicídio de jovens universitários com estudos baseados em evidência no Brasil. Esta pesquisa tem como objetivo desenvolver um programa de prevenção ao suicídio voltado para os estudantes universitários de graduação da Universidade Federal do Tocantins (UFT), avaliando e os seus efeitos na conduta suicida e comportamentos de busca de ajuda. Planeja-se conduzir uma pesquisa do tipo pesquisa participativa baseada na comunidade, em três etapas: avaliação de necessidades, desenvolvimento da intervenção e avaliação de eficácia. Espera-se contribuir para a geração de ferramentas promotoras de saúde na universidade e para o avanço do estado da arte sobre intervenções para prevenção ao suicídio produzidas nacionalmente e sistematicamente avaliadas.
Equipe: Hareli Fernanda Garcia Cecchin e Sheila Giardini Murta
Masculinidade e relações de namoro: viabilidade de intervenções para prevenção à violência (2018-em andamento)
Resumo
Visando enfrentar o problema da violência no namoro, diversos trabalhos que abordam a prevenção dessa forma de violência têm sido desenvolvidos nos últimos anos. Esse trabalho foca na questão da masculinidade e na participação dos homens, praticantes de formas mais graves de violência, ao mesmo tempo que demonstram menor adesão aos programas. O objetivo deste estudo é desenvolver um estudo de viabilidade de um programa de prevenção à violência masculina no namoro, visando apreender elementos que impactem a participação masculina e a sustentabilidade de tal programa. Como método é esperado a aplicação de questionários, entrevistas e técnicas de construção participativa (individuais e em grupo) com adolescentes e jovens adultos do sexo masculino, com pais e profissionais (professores, educadores, profissionais de saúde), avaliando fatores que impactam a adesão dos sujeitos e temas de relevância para eles. O resultado esperado é a criação de um conjunto de diretrizes sobre elementos que impactam a adesão masculina em programas de prevenção à violência no namoro, com possibilidade de generalização para outros programas de prevenção que encontram baixa adesão masculina.
Equipe: Rafael Alberto Moore e Sheila Giardini Murta
ProCasal: atualização de medida psicométrica e construção de um Programa de Treinamento de Habilidades Sociais Conjugais (2018-em andamento)
Resumo
As Habilidades Sociais Conjugais (HSC) são comportamentos que contribuem para maximizar a satisfação conjugal, ampliar a qualidade do relacionamento e reduzir problemas na relação. Esses comportamentos (HSC) podem ser desenvolvidos por meio de programas específicos, cujos resultados evidenciam efetividade em estudos do exterior. Contudo, as pesquisas brasileiras nessa temática têm sido predominantemente de caracterização e correlação (não de intervenção) e com casais casados (por união formal), de orientação heterossexual. Tais pesquisas foram impulsionadas pela criação do único instrumento disponível no Brasil, o Inventário de Habilidades Sociais Conjugais (IHSC) que, no entanto, carece de maior refinamento psicométrico. Este projeto tem como objetivos: (1) atualizar as normas do IHSC para casais homoafetivos e (2) construir um Programa de Treinamento de Habilidades Sociais Conjugais e Competência Social para Casais (ProCasal) heterossexuais e homossexuais. No Estudo 1 será feita análise de invariância em relação ao gênero e orientação sexual, bem como os indicadores de ajuste das normas do instrumento para casais homossexuais; no Estudo 2, será elaborado um programa de intervenção (ProCasal), avaliado sob delineamento experimental com casais hetero e homossexuais, tanto em termos de processo (adesão aos planos de ações, motivação dos casais, relatos sobre aquisições e dificuldades) como de resultados (HSC e satisfação conjugal). Serão efetuadas análises descritivas e inferenciais (MANOVA) para comparações antes-depois e entre grupos.
Palavras-chave: ProCasal. Treinamento de Habilidades Sociais Conjugais. Casais. Competência Social. Programa de Intervenção.
Apoio: FAPESP
Equipe: Bruno Luiz Avelino Cardoso, Zilda Del Prette (UFSCar), Mark Feinberg (The Pennsylvania State University) e Sheila Giardini Murta
Empoderamento de mulheres negras: investigação de mecanismos e diretrizes para intervenções (2016-em andamento)
Resumo
Na sociedade brasileira, as mulheres negras se deparam cotidianamente com muitos fatores que contribuem para o desempoderamento, afetando condições de vida e de saúde. Isso posto, o objetivo deste projeto é identificar mecanismos e elaborar diretrizes para intervenções que objetivem favorecer o empoderamento de mulheres negras no âmbito da Política Nacional de Assistência Social (PNAS). Trata-se de um estudo qualitativo fundamentado na abordagem psicossocial, teorias sobre empoderamento e estudos das relações raciais. As principais questões que orientam a pesquisa são: quais são os mecanismos que favorecem o empoderamento das mulheres negras nos níveis micro, meso e macro? Quais elementos relativos à alcance, efetividade, adoção, implementação e manutenção devem orientar as intervenções para empoderamento de mulheres negras na PNAS, com base no framework RE-AIM? Quais diretrizes devem ser adotadas para planejar e implementar intervenções para promoção de empoderamento de mulheres negras na PNAS? A pesquisa está sendo desenvolvida por meio de três estudos conduzidos nos estados de Goiás, Pernambuco e Distrito Federal. Até o momento, participaram da pesquisa 22 mulheres, predominantemente negras, agrupadas em: a) especialistas nos estudos das relações raciais e integrantes de movimentos sociais; b) usuárias da política de assistência social; c) gestoras de equipamentos da assistência social; d) gestoras da PNAS no nível nacional. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas individuais. A análise de dados será feita por meio de análise temática. Acredita-se que o estudo trará relevante contribuição para o campo de intervenções e políticas públicas para promoção de empoderamento de mulheres negras.
Equipe: Cláudia de Oliveira Alves, Sheila Giardini Murta, Emanuele Cristina Santos do Nascimento, Karen Kathlenn Amorim Oliveira e Stéfane Macedo de Jesus.
Intervenções para a promoção de perdão: necessidades, processo e efeitos (2016-em andamento).
Resumo
O perdão está associado à promoção e manutenção da saúde mental, pois sendo considerado como a capacidade de ultrapassar a mágoa, o ressentimento ou a vingança dirigida a um ofensor, atua diretamente no processo interno de regulação de emoções, visando reduzir ou eliminar essas emoções negativas e os desejos de vingança. A literatura especializada na área indica, no cenário nacional, uma escassez de intervenções para promoção de perdão em contextos de promoção da saúde e prevenção, sistematicamente desenvolvidas. Assim sendo, o presente projeto tem como objetivo preencher essa lacuna ao propor o desenvolvimento e avaliação de uma intervenção para promoção do perdão no contexto de promoção da saúde e prevenção. Realizou-se uma revisão de escopo (scoping review) sobre os achados de revisões sistemáticas e metanálises no que se refere à eficácia deste tipo de intervenção. Os resultados dos estudos lançam luz sobre os preditores de eficácia de intervenções para promoção do perdão, sugerindo que os melhores resultados estão associados a intervenções que tiveram como base os modelos teóricos de Enright e REACH, àquelas dirigidas coma ofensas mais severas e específicas, entregues individualmente ou em grupos homogêneos e em ao menos 6 encontros. Também foram realizadas entrevistas com profissionais de saúde e especialistas da área, cujo resultados sugerem que intervenções dessa natureza são vistas como socialmente válidas e que podem ser consideradas viáveis, efetivas e sustentáveis se apresentarem caraterísticas como: (a) equipe de facilitadores capacitada, (b) planejamento feito em equipe multidisciplinar, (c) objetivos alinhados aos valores da organização, (d) procedimentos teoricamente embasados e (e) mecanismos múltiplos de avaliação. Os estudos posteriores, que complementam este projeto pretendem ainda conhecer qual é o percurso metodológico para o desenvolvimento sistemático de uma intervenção para promoção de perdão baseada em evidências empíricas no contexto de promoção da saúde e prevenção e quais as evidencias de aceitabilidade e eficácia esta intervenção apresenta. Espera-se com isso, contribuir para a produção de conhecimento na área, fomentar novos estudos sobre o tema e ampliar os serviços de prevenção e promoção da saúde mental, com a oferta de intervenções baseadas em evidências.
Equipe: José Marcelo Oliveira da Luz, Júlio Rique Neto, Anne Marie Fontaine e Sheila Giardini Murta
Avaliação de uma intervenção para promoção de bem-estar financeiro subjetivo (2015-2020).
Resumo: Três quartos das famílias brasileiras relatam dificuldades financeiras para lidar com as despesas mensais. Diversas iniciativas com intuito desenvolver capacidades para lidar com os problemas financeiros têm sido implementadas. Contudo, a eficácia dessas intervenções não se mostrou satisfatória. Embora o bem-estar financeiro subjetivo guarde clara relação com renda, evidências sugerem existir outros fatores que o impactam negativa ou positivamente. Este estudo teve por objetivo avaliar uma intervenção para promoção de bem-estar financeiro subjetivo. Esta tese está organizada em três manuscritos. O primeiro manuscrito, de caráter teórico, explora a aplicabilidade de evidências de pesquisa em Psicologia e Economia para a proposição de fatores de risco e protetivos do bem-estar financeiro subjetivo. A adaptação hedônica, comparação social e tomada de decisão no uso do tempo e do dinheiro são propostos como fatores de risco. A atenção plena, gratidão e autoconhecimento são propostos como fatores protetivos. O segundo manuscrito aborda uma avaliação de processo de uma intervenção para promoção de bem-estar financeiro. Adotou-se o modelo integrado de mudança e fatores de proteção ao bem-estar financeiro subjetivo no desenho da intervenção. Trinta e três servidores públicos participaram de uma intervenção em grupo, de 10 sessões, totalizando 40 horas. Os resultados indicaram evidências favoráveis à aceitabilidade, engajamento e coesão grupal, a despeito da heterogeneidade em idade e renda dos participantes. O terceiro manuscrito descreve a eficácia da mesma intervenção cujo processo foi avaliado no manuscrito 2. Utilizou-se delineamento quase-experimental e 28 servidores públicos participaram do grupo intervenção, enquanto 18 participaram do grupo de controle. Os resultados apontaram melhoria do bem-estar financeiro subjetivo de modo geral e efeitos mais salientes para participantes da intervenção com maior grau de vulnerabilidade financeira. Os mecanismos de mudança de gratidão, atenção plena, propensão ao planejamento, preferência pelo uso do crédito e materialismo tiveram impactos variados a depender do grau de vulnerabilidade financeira. Um modelo de regressão linear do bem-estar financeiro subjetivo em função dos mecanismos de mudança apontou coeficientes significativos que influenciam o bem-estar. Tais evidências promissoras sugerem ser pertinente a replicação desta intervenção em novos contextos, incluindo para populações mais vulneráveis, e a avaliação longitudinal de efeitos sobre o bem-estar financeiro, tanto em sua dimensão subjetiva quanto objetiva.
Equipe: Marcos Aguerri Pimenta de Souza e Sheila Giardini Murta.
O processo de término de namoros violentos e transição para novas relações (2015-2017).
Resumo
A violência nos relacionamentos é um fenômeno de alta prevalência e com impactos individuais e sociais severos, tangenciando os campos da saúde, assistência, segurança pública, trabalho e educação. Essa dissertação contou com três estudos. O primeiro teve como objetivo analisar os avanços, limitações e lacunas nas pesquisas acerca do abandono de relacionamentos violentos e suas implicações. Realizaram-se buscas em inglês, espanhol, francês e português. Os resultados apontaram que, para os estudos quantitativos, nível de investimento, comprometimento, normas subjetivas, atribuir ao agressor a responsabilidade pela agressão, sentimento de raiva e barreiras e facilitadores estruturais mostraram correlação com o avanço rumo ao término. Para os estudos qualitativos, observaram-se a proposta de novos modelos de compreensão, o foco nas estratégias para o abandono da relação e a consideração do período pós separação nas análises. O segundo estudo teve como objetivo compreender - à luz do Modelo Transteórico de Mudanças - os processos de término de namoros violentos, analisando a maneira como as pessoas vivenciam cada estágio de mudança, quais as estratégias adotadas como processos de mudança e quais as características do contexto e da relação que atuam como barreiras ou facilitadores do avanço entre eles. Realizou-se entrevista com técnica narrativa com sete participantes que haviam terminado namoros violentos. Utilizou-se análise temática dos dados. A pré-contemplação foi caracterizado pela presença de sofrimento difuso e de percepções em algum grau sobre a violência, porém não validadas pela própria pessoa. A contemplação, pela validação dessas percepções e atribuição do sofrimento à violência. A preparação envolveu teste de soluções na própria relação e a preparação para o término. A ação consistiu no término e a manutenção na prevenção de retomadas. As características contextuais favorecedoras envolveram suporte social adequado e ampliação de modelos e experiências. As barreiras contextuais foram isolamento social ou suporte inadequado. Os favorecedores do avanço no processo de término na relação foram a ocorrência de episódio mais severo ou explícito de violência, a falta de mudança do parceiro e a diminuição dos aspectos positivos da relação. As barreiras foram o parceiro suscitar culpa e a ponderação dos aspectos positivos. Os facilitadores pessoais basearam-se na diversidade de estratégias adotadas ativamente para alcançar o término. As barreiras pessoais foram as limitações desenvolvimentais da adolescência e a dificuldade em lidar com sentimentos. O terceiro estudo teve o objetivo de compreender as características da transição para novos relacionamentos que favoreceram a entrada em relações saudáveis após o término de namoro violento. Realizaram-se estudos de caso a partir dos dados da entrevista narrativa e da aplicação da escala Experiences in Close Relationships com duas participantes: uma que havia transitado para relação saudável e outra que entrou em novo namoro violento. Ampliação de modelos, experiências, relações e ideias, maior acesso a informações e clara identificação da violência na primeira relação não foram suficientes para evitar o envolvimento em novo namoro violento. Desenvolver a capacidade de acessar e validar os próprios sentimentos e vontades mostrou-se favorecedor do desfecho de entrada em relação saudável, tendo se expressado através de maior habilidade de assertividade. Mudanças no apego no sentido de aproximação do apego seguro acompanharam esse desfecho. As conclusões apontam para potencial nas estratégias interventivas baseadas na restauração do apego e no desenvolvimento das habilidades de acessar e validar sentimentos e desejos. O investimento nas intervenções com pares com foco na oferta de suporte adequado e na promoção de vínculos comunitários seguros também se mostrou promissor.
Equipe: Priscila de Oliveira Parada e Sheila Giardini Murta.
Uso de drogas na adolescência: Correlações com sexo, práticas parentais, autoeficácia e perspectiva de tempo futuro (2014-2016)
Resumo
A utilização das drogas lícitas e ilícitas ocorre entre indivíduos de várias idades, porém a adolescência representa o período de maior experimentação, e, consequentemente, vivencia os prejuízos advindos desse crescimento do consumo. É possível delimitar fatores de risco e proteção ao uso de drogas nos diferentes ambientes da população adolescente, com destaque para o ambiente familiar, as diferenças entre os sexos, a autoeficácia e a perspectiva de tempo futuro. Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo geral investigar associações entre uso de drogas, sexo, práticas parentais, autoeficácia e perspectiva de tempo futuro. Buscou-se aporte na Teoria da Aprendizagem Social de Bandura. Trata-se de uma pesquisa de natureza quantitativa, de corte transversal e de caráter correlacional. Participaram do estudo 698 alunos da rede pública de ensino, com idade entre 10 e 15 anos, de ambos os sexos, provenientes de oito escolas do Distrito Federal e uma escola de Goiânia, GO. Os participantes responderam ao “Questionário sobre saúde e vida escolar”, contendo questões sobre características sociodemográficas, padrão de uso de drogas (álcool, cigarro, inalantes, maconha, cocaína e crack/merla), práticas parentais, autoeficácia e planos para o futuro. Os dados foram analisados pelo software SPSS (Statistical Package for Social Sciences) for Windows versão 22, com técnicas estatísticas descritivas e inferenciais. Do total de participantes, 381eram meninas (54,6%), com média etária de 12,72 anos (DP = 1,17). Os dados indicaram que a média de idade para o primeiro consumo de álcool foi de 11,58 anos (DP = 1,98), quase metade da amostra (47,6%) já havia experimentado bebida alcóolica, os inalantes foram a segunda droga de maior prevalência para uso na vida (19,5%), seguidos pelo tabaco (11%), maconha (6,5%), cocaína (0,9%) e crack/merla (0,4%). Para a associação entre uso de drogas e sexo, houve uma tendência dos meninos consumirem mais, apesar de haver associação significativa apenas para uso de cigarro na vida (p = 0,028), não confirmando dados de estudos anteriores. Práticas parentais foram avaliadas por seis subescalas: cobrança de responsabilidade (M = 4,34), apoio emocional (M = 3,93), incentivo à autonomia (M = 3,25), controle punitivo (M = 3,33), intrusividade (M = 2,47) e supervisão do comportamento (M = 4,06). As associações com uso de drogas foram significativas, principalmente, para apoio emocional, intrusividade (associação negativa) e supervisão do comportamento, o que, em parte, confirma descrições da literatura acerca de fatores de proteção associados à dimensão da responsividade. As três medidas de autoeficácia - autoeficácia para aprendizagem autorregulada, eficácia autoassertiva e autoeficácia para conseguir suporte parental - alcançaram valores acima da média (M = 3,73; M = 3,91; M = 3,49, respectivamente). Houve uma tendência de associação negativa entre autoeficácia ligada à assertividade e o uso de drogas e associações significativas entre o uso de drogas, autoeficácia para conseguir suporte parental e autoeficácia para aprendizagem autorregulada, o que foi convergente com outros estudos. Dentre os planos para o futuro, a maioria (71,5%) referiu desejo em fazer faculdade após a conclusão do ensino médio. Não foram encontradas associações significativas entre perspectiva de tempo futuro e uso de álcool, mas para outras drogas sim, o que confirma apenas parte das afirmações de outros estudos e sugere um aumento da tolerância para o uso de álcool. Os resultados confirmaram o papel importante que as práticas parentais, a autoeficácia e a perspectiva de tempo futuro podem desempenhar enquanto fatores de proteção ao uso de drogas, e, portanto, estas variáveis deveriam ser trabalhadas em contextos educacionais e de saúde ligados à população infanto-juvenil.
Apoio: SENAD
Equipe: Nayara David Mendes Alcanfora Agapito Khouri, Luís Gustavo do Amaral Vinha e Sheila Giardini Murta.
Avaliação de Eficácia de Intervenções de Preparação para Aposentadoria: Comparando Intervenções (2012-2016)
Resumo: O presente estudo tem como objetivo avaliar a eficácia de intervenções de planejamento para aposentadoria, comparando formatos breve e longo, e investigando seus efeitos sobre o bem-estar subjetivo, clareza de metas para aposentadoria, perspectiva de tempo futuro e mudanças cognitivas, motivacionais e comportamentais. O delineamento adotado nessa pesquisa é experimental, com grupo controle lista de espera e uma medida de follow-up que será realizada 06 meses após a aplicação do pós-teste. Será avaliado o Programa de Preparação para Aposentadoria Viva Mais, composto por três formatos: breve (3 horas de duração), testemunho (3 horas de duração) e continuado (03 meses de duração) e um grupo controle (não intervenção). A amostra será composta, aproximadamente, por quarenta servidores da administração pública federal, pré-aposentados, de ambos os sexos, com idade entre 55 a 69 anos, que residem na cidade de Brasília, capital do Brasil, com escolaridade entre ensino médio e pós-graduação. Como instrumentos de coleta de dados serão utilizados a Escala de Mudança em Comportamentos de Planejamento Para Aposentadoria – EMCPA, Escala de Bem-Estar Subjetivo, Escala de Clareza de Metas e Perspectiva de Tempo Futuro e questionário sociodemográfico. Para utilização da escala Clareza de Metas e Perspectiva de Tempo Futuro será realizada uma investigação de evidências de validade dessa medida por meio de uma análise fatorial exploratória com os dados de aproximadamente 141 servidores públicos. Na investigação dos efeitos dos diferentes tipos de intervenção, será adotado o teste de comparação de medidas centrais, paramétricas (Manova e Mancova); e não paramétricas (Kruskal-Wallis, seguido da comparação múltipla de médias das ordens). Espera-se que os resultados desta pesquisa possibilitem intervenções eficazes, avaliadas sistematicamente, com o intuito de promover mudanças de comportamento, envelhecimento ativo, bem-estar e uma melhor adaptação a essa nova fase da vida. Estima-se que o campo de pesquisa avançará ao suprir lacunas sobre a avaliação desses programas principalmente quanto ao uso de delineamentos experimentais, uso de follow-up e avaliação da validade interna dessas intervenções.
Equipe: Cristineide Leandro-França, Kéne Henkens, Hanna Van Solinge e Sheila Giardini Murta
Transição para a Aposentadoria: Produção Científica, Preditores de Ajustamento e Desenvolvimento de uma Intervenção Baseada em ACT e Princípios Evolucionistas (2013-2016).
Resumo
A população mundial está cada vez mais velha: 12% das pessoas estão acima dos 60 anos de idade, um aumento de 50% desde 1950. Isso significa que mais gente está se aposentando e que a duração da aposentadoria é maior, cerca de ¼ da vida. Essa tendência já dura décadas e não dá sinais de arrefecimento; por isso, investir na aposentadoria equivale a investir em uma vida mais longa e melhor. Apesar da relevância dessas mudanças, a pesquisa em aposentadoria ainda enfrenta questões importantes. Por exemplo, a aposentadoria faz bem ou faz mal para a saúde física? E para o bem-estar? Em relação ao desenvolvimento de intervenções, há desafios persistentes. Por exemplo, desde a década de 40, os pesquisadores reconhecem a carência de programas de preparação para a aposentadoria. No entanto, ainda são escassos os programas cuidadosamente desenvolvidos e testados. Outra lacuna relevante é a identificação dos preditores de ajustamento à aposentadoria: apesar de dezenas de estudos sobre dezenas de fatores distintos, ainda temos pouca clareza sobre quais e quão efetivos são esses preditores de ajustamento. Por isso, este estudo tem o objetivo de (a) analisar a produção científica em aposentadoria, identificando áreas que precisam de mais pesquisa; e (b) desenvolver uma intervenção de preparação para a aposentadoria baseada na terapia de aceitação e compromisso e na formação de grupos autossutentáveis. O primeiro objetivo será alcançado por meio de análises de redes de coautoria e de palavras-chave na produção de artigos científicos em aposentadoria, além de uma revisão sistemática dos preditores de ajustamento em aposentadoria. O segundo objetivo será alcançado por meio do desenvolvimento de uma intervenção guiada por valores, que utiliza princípios evolucionistas para formar e desenvolver grupos cooperativos e autossustentáveis. Espera-se que o cumprimento desses objetivos ofereça duas contribuições importantes: em primeiro lugar, o mapeamento da produção científica indicará o que já sabemos, permitindo reduzir pesquisas sobre fenômenos já conhecidos e aumentar a investigação de fenômenos pouco compreendidos. Em segundo lugar, uma nova intervenção de preparação para a aposentadoria amplia o restrito conjunto de programas adequadamente avaliados, favorecendo a promoção de uma vida na aposentadoria com maior qualidade.
Equipe: Leonardo Martins Barbosa e Sheila Giardini Murta
Avaliação de Eficácia de uma Intervenção para Prevenção de Vazio Existencial em Adolescentes (2013-2015)
Resumo
A prevenção de desfechos negativos em saúde mental é uma das áreas de estudo e atuação para a qual a Psicologia cada vez mais tem voltado seu olhar. É uma demanda atual e necessária para o avanço da atenção à saúde mental no Brasil. Esta demanda pode ser atendida a partir da adoção de estratégias sistematicamente avaliadas e com eficácia comprovada. Nesta perspectiva, o objetivo deste estudo é replicar uma intervenção para prevenção ao vazio existencial e promoção de sentido da vida em adolescentes, de autoria de Aquino e colaboradores, e avaliar sua eficácia em uma amostra de adolescentes do Distrito Federal. Trata-se de uma intervenção baseada na Logoterapia e Análise Existencial. Prevê-se um estudo quase-experimental, com uso de medidas de pré e pós-teste e follow-up de três meses. São objetivos específicos deste estudo: a) aferir, ao início, ao final da intervenção e aos três meses após a intervenção, os escores de vazio, desespero e realização existenciais entre os jovens participantes, estabelecendo uma comparação com jovens não participantes; b) avaliar a existência de variáveis contextuais dos participantes que possam interferir nos índices de afetos positivos e negativos e, consequentemente, nos escores finais de vazio, desespero e realização existenciais; c) avaliar o engajamento e satisfação dos participantes acerca da intervenção; d) avaliar a correlação entre percepção do passado, vazio existencial, desespero existencial e realização existencial; e e) avaliar os efeitos em relação aos escores de vazio, desespero e realização existenciais pós-intervenção no cotidiano dos participantes.
Equipe: José Marcelo Oliveira da Luz, Thiago Antônio Avellar de Aquino e Sheila Giardini Murta.
Avaliação da Difusão de um Programa de Promoção de Vínculos Familiares e Prevenção ao Abuso de Drogas no Distrito Federal (2014-2016)
Resumo
Programas preventivos teoricamente embasados, planejados, implementados e avaliados de forma sistemática e eficazes e efetivos na melhoria da qualidade de vida da população são bons modelos para serem adotados em larga escala. Quando transferidos para novos contextos, avaliações de sua difusão são recomendadas. Entende-se por difusão o processo pelo qual uma inovação é transmitida entre os membros de um sistema social. A Teoria da Difusão, desenvolvida por Everett Rogers, apresenta 4 fases: adoção (seleção e escolha de uma inovação), implementação (execução no novo contexto), disseminação (expansão para novos serviços, municípios ou regiões) e sustentabilidade (permanência ao longo do tempo após retirada de apoio e recursos iniciais). Com base nesta teoria, o presente estudo tem por objetivo geral avaliar a difusão do Programa Fortalecendo Famílias (PFF) no Distrito Federal. Trata-se de um programa baseado em evidências de eficácia e efetividade para prevenção ao abuso de drogas entre adolescentes por meio da promoção de vínculos familiares. Foi desenvolvido pela Oxford Brookes University (do inglês, Strenghtening Families Program - SFP 10-14), a partir de versões prévias norte-americanas. O PFF é embasado teoricamente no Modelo Bioecológico de Bronfenbrenner e é destinado a crianças e adolescentes de 10 a 14 anos e seus cuidadores. O seu conteúdo compreende, para as crianças e adolescentes, a promoção de autoeficácia, habilidades de manejo de estresse e habilidades sociais assertivas de enfrentamento à pressão dos pares e, para os cuidadores, o fortalecimento de habilidades sociais parentais de expressão de afeto, consistência no estabelecimento de regras e coesão familiar. No ano de 2013, o PFF foi adotado no Brasil, com sua primeira implementação em serviços de assistência social do Distrito Federal, como resultado de uma ação intersetorial entre a SENAD, a Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde, o Programa Saúde na Escola do Ministério da Educação, a Secretaria de Proteção Social Básica do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e o Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime. Em 2014, o PFF foi disseminado para novos serviços no Distrito Federal e adotado e implementado por 8 cidades de todas as regiões brasileiras. Neste estudo, de base qualitativa, será adotado um delineamento de estudo de caso, tomando-se o Distrito Federal como unidade de análise. Dados documentais serão analisados e entrevistas com informantes-chave serão conduzidas para se descrever indicadores de sucesso e insucesso das fases de adoção, implementação e disseminação do programa, bem como desafios e facilitadores para a sua sustentabilidade.
Equipe: Ana Aparecida Vilela Miranda, Larissa de Almeida Nobre, Juliana de Deus e Sheila Giardini Murta.
Universidade de Brasília – UnB Instituto de Psicologia – IP Departamento de Psicologia Clínica – PCL Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura -PPGPsiCC Disciplina: Seminário Temático em Clínica e Cultura Código: 325503 Semestre letivo: 2/2012 Dia e horário: Terça-feira, 14:00 – 17:50 Professora: Dra. Sheila Giardini Murta Professor Visitante: Prof. Dr. Eric Brown (Universidade de Washington)
Ementa: Temas específicos envolvendo as relações entre clínica psicológica e cultura, visando atender interesses e demandas circunstanciais e que possibilite comunicação e o acompanhamento de projetos de estudos e pesquisas em andamento. Nessa concepção, a disciplina tem conteúdo variável.
Neste semestre, o foco desta disciplina será Prevenção / Promoção de Saúde Mental.
Objetivo geral: desenvolver conhecimentos relativos às bases conceituais e metodológicas da pesquisa em prevenção e promoção de saúde mental.
Objetivos específicos: A disciplina deverá permitir ao aluno:
- Conhecer as bases teórico-conceituais de programas de prevenção e promoção de
saúde mental. 2. Analisar criticamente os aspectos metodológicos e as evidências de eficácia e efetividade de programas de prevenção a fatores de risco para a saúde mental ou a transtornos em saúde mental.
- Discutir o processo de difusão de programas preventivos e sua articulação às políticas públicas nacionais, nos âmbitos: social, saúde, educação, gênero e direitos humanos.
- Apontar tendências recentes na pesquisa em avaliação de programas para prevenção
e promoção de saúde mental, nos contextos nacional e internacional.
- Discutir o ensino de prevenção e a formação do pesquisador.
Conteúdo Programático, Leituras e Cronograma
Unidade 1. Aspectos conceituais e históricos: definição de prevenção e promoção de saúde mental. Processos protetivos e de risco em saúde mental. Níveis, focos e usos de prevenção. Prevenção e sensibilidade cultural. A pesquisa em prevenção no Brasil
Unidade 2. Eficácia, efetividade e difusão de programas preventivos. Avaliação de programas preventivos. Critérios para eficácia, efetividade e disseminação
Difusão de programas preventivos. Análise econômica de programas preventivos.
Unidade 3. Programas de promoção de desenvolvimento positivo. Escopo de programas de desenvolvimento positivo. Sistema Community that Cares. Programas de promoção de habilidades de vida. Programa de promoção de sentido da vida.
Unidade 4. Programas de prevenção a fatores de risco em saúde mental: Prevenção ao abuso e negligência contra crianças. Prevenção ao abuso sexual. Prevenção à violência no namoro. Prevenção ao sexismo. Prevenção à rejeição por pares. Articulação com políticas públicas nacionais, nos âmbitos: social, saúde, educação, gênero e direitos humanos (leituras complementares a serem indicadas).
Unidade 5. Programas de prevenção a transtornos em saúde mental: Prevenção à depressão. Prevenção à ansiedade. Prevenção a problemas de comportamento internalizantes e externalizantes. Prevenção a transtornos alimentares. Prevenção à dependência de álcool e drogas. Articulação com políticas públicas nacionais, nos âmbitos: social, saúde, educação, gênero e direitos humanos (leituras complementares a serem indicadas).
Unidade 6. Perspectivas atuais: Ensino de prevenção. Carreira em prevenção. Difusão de
programas preventivos.
Estratégias de ensino Os conteúdos programáticos serão abordados através de (a) exposição dialogada, facilitada por análise crítica de artigos que abordam aspectos conceituais, metodológicos e programas sistematicamente avaliados acerca da produção nacional e internacional, (b) análise de dissertação acerca da produção nacional na área, (c) discussões sobre políticas públicas relacionadas, podendo envolver convidados externos e (d) estudo individual acerca de tendências recentes em avaliação de programas preventivos, em tema de interesse do aluno.
Estratégias de avaliação
- Ensaio sobre textos designados para cada aula: 22 textos, valendo 10 pontos cada. O ensaio deve abordar as contribuições do texto, segundo interpretação do/a aluno/a, tais como inovações metodológicas, desafios para a pesquisa, relação com políticas públicas, contribuições para o projeto de pesquisa do aluno, contribuições para o ensino ou para a carreira do pesquisador etc (duas a três páginas, espaço duplo, fonte 12 times new roman).
Os ensaios devem ser entregues na aula prevista para discussão do texto.
- Elaboração de artigo sobre avaliação de programas preventivos na área de interesse do aluno – 80 pontos. O artigo será entregue no dia 19 de fevereiro. Tem-se, então: 220 (ensaios) + 80 (artigo) = 200 : 2 = 100
Sistema de menções:
SS – 90 a 100 pontos; MS – 70 a 89; MM – 50 a 69; MI – 30 a 49; II – 10 a 29; SR-25% de faltas (independente do cumprimento das tarefas).
Bibliografia obrigatória (por ordem de leitura): Weiz, J. R., Sandler, I. N., Durlak, J. A. & Anton (2005). Promoting and protecting youth mental health trough evidence-based prevention and treatment. American Psychologist, 60, 628-648. Abreu, S. O. (2012). Prevenção primária em saúde mental no Brasil na perspectiva da literatura e de especialistas da área. Universidade de Brasília: Dissertação de Mestrado (Artigo 2 – O estado da arte da pesquisa em prevenção em saúde mental no Brasil – Artigo 3 – Programas preventivos brasileiros: quem faz e como faz prevenção primária em saúde mental?)
Reese, L. & Vera, E. (2007). Culturally relevant prevention: the cientific and practical considerations of community-based programs. The Counseling Psychologist, 35, 763- 778. Silveira, A. M. & Peixoto, B. (2010). Manual de avaliação de programas de prevenção à
violência. Brasília: Organização Panamericana de Saúde. Flay, B. R., Biglan, A., Boruch, R., Castro, F. G., Gottfredson, D., et al. (2005). Standars of evidence: criteria for efficacy, effectiveness and dissemination. Prevention Science. 6, 151-175.
Mihalopoulos, C., Vos, T., Pirkis, J. & Carter, R. (2011). The economic analysis of prevention in mental health programs. Annual Review of Clinical Psychology, 7, 169- 201. Catalano, R. F., Hawkins, D., Berglund, L., Pollard, J. A. & Arthur, M. W. (2002). Prevention Science and positive youth development: competitive or cooperative frameworks? Journal of Adolescent Health, 31, 230-239. Aquino, T. A. A. & Silva, J. P. (2011). Avaliação de uma proposta de prevenção ao vazio
existencial com adolescentes. Psicologia: Ciência e Profissão, 31, 146-159. Olds, D. L. (2002). Prenatal and infancy home visiting by nurses: from randomized trials to
community replication. Prevention Science, 3, 153-172. Brino, R. F. & Williams, L. C. A. (2008). Capacitação de professores como agentes de
prevenção do abuso sexual. Revista Teoria e Prática da Educação, 11, 190-198. Pick, S., Leenen, I., Givaudan, M., & Prado, A. (2010).”Yo quiero, yo puedo… prevenir la
violencia”: Programa breve de sensibilización sobre violencia en el noviazgo. Salud Mental, 33, 153-160.
Verma, R. K., Pulerwitz, J., Vaishali, M., Khandekar, S., Barker, G., Fulpagare, P., &
Singh, S. K. (2006). Challenging and changing gender attitudes among young men in Mumbai, India. Reproductive and Health Matters, 14, 135-143. Murta, S. G., Rosa, I. O., Menezes, J. C. L., Riero, M. R. S., Borges, O. S., Paulo, S. G., Oliveira, V., Ribeiro, D. C., Del Prette, Almir, Del Prette, Z. A. P. (2012). Direitos
Sexuais e Reprodutivos na Escola: Avaliação Qualitativa de um Estudo Piloto. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 28, 335 – 344. Muñoz, R. F., Cuijpers, F., Smit, F., Barrera, A. Z. & Leykin, Y. (2010). Prevention of
major depression. Annual Review of Clinical Psychology, 6, 181-212. Fisak, B. J., Richard, D. & Mann, A. (2011). The prevention of child an adolescent anxiety:
a meta-analytic review. Prevention Science. Bolsoni-Silva, A. T., Silveira, F. F. & Marturano, E. M. (2008). Promovendo habilidades sociais educativas parentais na prevenção de problemas de comportamento. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 10, 125-142.
Stice, E., Rohde, P., Gau, J. & Shaw, H. (2012). Effect of a dissonance-based prevention program on risk for eating disorder onset in the context of eating disorder risk factors. Prevention Science, 13, 129-139. Schwinn, T. M., Schinke, S. P., & Di Noia, J. (2010). Preventing drug abuse among
adolescent girls: outcome data from an internet-based intervention. Prevention Science, 11, 24-32.
Russel, B. S., Soysa, C. K., Wagoner, M. J., & Dawson, E. L. (2008). Teaching prevention on sensitive topics: key elements and pedagogical techniques. The Journal of Primary Prevention, 29, 413-433. Murta, S. G. (2011). Aproximando ciência e comunidade: difusão de programas de habilidades sociais baseados em evidências. Em A. Del Prette & Z. A. P. Del Prette (Orgs.) Habilidades sociais: intervenções efetivas em grupo (pp. 83-114). São Paulo: Casa do Psicólogo. Abreu, S. O. (2012). Prevenção primária em saúde mental no Brasil na perspectiva da literatura e de especialistas da área. Universidade de Brasília: Dissertação de Mestrado (Artigo 4 – A perspectiva dos especialistas sobre a pesquisa em prevenção primária em saúde mental no Brasil).
Bibliografia complementar: Periódicos especializados – Prevention Science, The Journal of Primary Prevention, Prevention & Treatment. Outras fontes serão indicadas semanalmente.